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O “maravilhoso” plano da Oi


Sebastião Lobo (Almenara-MG)

O telefone toca. É da Oi, diz a pessoa que fala. Voz suave, insinuante. Pelo visto é uma funcionária da operadora. Superbonita, imagino.

- Tenho um plano maravilhoso para você, promete, pondo mais açúcar na voz, agora quase murmurando. Que delícia!

Dou asas para ver até onde a coisa vai:
- Pois não? Tô ouvindo...
- O senhor usa é o pré-pago?, indaga ela.
- Sim...
- Está satisfeito?
- Muito caro. Um absurdo! Poderia ser melhor.

A funcionária da Oi me garante que tem como resolver o problema. Depende de mim.

- O senhor vai adorar!

Esqueço-me que muita promessa é sinal de pouco ou nenhum milagre. Ainda mais do jeito que as coisas vão.

Mas vou em frente.

- Por que vou adorar? Enfim, quais são as vantagens do plano que você me oferece?

Ela tem a resposta na ponta da língua.
- Primeiro, o senhor não precisa ficar pondo crédito toda hora. Segundo, o senhor paga por mês com desconto especial...

Interrompo-a:
- Tem brinde?
- Não senhor. Tem desconto como já disse.
- De quanto?
- Depende da quantidade de telefonemas que o senhor der.
- Desculpe-me. Ando ouvindo mal..., desconfiado, quero saber, levando em conta que ultimamente tenho sido vitima de muitos trotes.
- E se eu não gostar do planto? Posso desistir?
- Na hora.

Muito bem. Firmo o compromisso, observando que se eu não gostar do tal plano imediatamente desisto.

- Tudo bem, promete minha interlocutora.

Vem a primeira conta: 16,09. Bom demais para ser verdade. Ótimo...

- Joia, digo a mim mesmo.

Vem a segunda conta de 69,00.

Subo nos tamancos. Mas ainda acho razoável pela quantidade de telefonemas que havia dado. Fico como se diz, de antenas ligadas. Com a pulga atrás da orelha.

Vem a terceira conta: 74,94. Acendo o sinal de alerta.

A quarta conta bate nos 101,89, obrigando-me a fazer um trabalhoso rastreamento nos telefonemas que resultaram no aumento espantoso, que mexe fundo no meu bolso.

É evidente que isso hoje é uma quantia irrisória para quem possui uma grande empresa. Mas para mim, um mercador de letras e palavras, não é mole. Jogo a toalha.

- Desisto agora, decido.

Só então percebo que fizera um péssimo negócio e que caí direitinho na conversa bonita, arrebatadora da funcionária ou prestadora de serviços (sei lá) da Oi.

E para desfazer o negócio mal feito? Tenho que submeter-me ao maior teste de paciência. Na loja representante da Oi passo pelo menos uma hora para desistir do “plano” e finalmente recebo o castigo pela desistência: tenho que pagar uma multa pela rescisão do “contrato” verbal de 343,51. Caso contrário meu celular será bloqueado e meu nome vai parar no SPC.

Enganação ou com a Oi a coisa funciona assim mesmo? Na minha idade e com minha experiência, difícil acreditar que tenha me deixado enganar com tanta facilidade!

Estou careca de saber que no meu querido Brasil a gente tem que confiar desconfiando. Bem feito!

*Sebastião Lobo é jornalista, advogado, escritor, autor de livros e membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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