About Me

header ads

Na inflação o dinheiro vale tanto que não vale nada



Paro diante da vitrine de uma loja de confecções. Preciso de uma camisa social e vejo uma que me agrada. Uma simpática e sorridente se adianta para me atender.

Com um meigo sorriso a aflorar nos lábios bem pintados, a moça me pergunta:
- O que deseja senhor.

Correspondendo ao seu cumprimento e lhe mostro a camisa que me interessa.

A camisa social, comum, manga comprida, a vendedora garante se de ótima qualidade e excelente tecido.

Hesito em experimentar a camisa. Primeiro resolvo perguntar o preço. Raciocino que não é legal ocupar o tempo da vendedora para depois frustrá-la com um pretexto para não ficar com a mercadoria.

Pergunto afinal qual é o preço da camisa e a moça informa com a maior naturalidade do mundo.

Antes que eu responda qualquer coisa, acrescenta:
- É barata. É só trezentos e oitenta reais.

- Quanto!?, finjo que não ouço. Com sua voz meia e insinuante ela repete o preço. Garante:
- Só tem esta.

Levo um susto, por mais que me contenha.

- Por que este preço?, pergunto, não acreditando no que ouço.

- É a marca, informada a comerciária sem se surpreender com a minha reação.

Brinco com ela:
- E a sem marca? Só a camisa?

- Aí fica difícil. Tem que ter a marca, justifica minha interlocutora, sem mostrar impaciência, naturalmente levando em conta a minha idade de velho rabugento.

- Como é, o senhor vai levar a camisa?, insinua a bonita e tolerante vendedora.

Peço desculpas a ela pelo tempo que lhe tomei e digo por fim que o preço da camisa está além dos meus orçamentos. E resmungando um "muito obrigado" dou meia volta, e me retiro com uma dolorosa incerteza, questionando a mim mesmo, se a camisa está realmente cara, custando um absurdo, ou eu é que estou ganhando pouco...

Concluo afinal na inflação o dinheiro vale tanto que não vale nada.

Postar um comentário

0 Comentários