Sebastião Lobo (Almenara – MG)
Embora a
vida seja o bem mais precioso que Deus nos deus, aqui no Brasil, ela não vale
nada. E no mundo conturbado de hoje em dia também. Você vai andando pela rua
quando de repente cai varado por uma bala perdida ou intencionalmente disparada
por um marginal em confronto com a polícia ou insatisfeito com o que roubara.
Nunca se
matou tanto por nada ou por tudo. Mata-se em briga de casal, em conflito de
família, por dinheiro (uns dos principais motivos dos assassinatos), por rixa,
por ciúme, por herança, por um simples desentendimento, por engano, por
religiões, por etnias, por vingança, por discordância, pois hoje em dia é raro
o criminoso que fica na cadeia, principalmente se ele ou ela tem dinheiro e
pode constituir um bom advogado. Mentira? Não. Esta é a verdade nua e crua com
a qual convivemos diuturnamente.
Os crimes,
alguns bárbaros, espalham-se por toda parte, abarrotam os cemitérios,
superlotam os presídios, congestionam as delegacias de polícia, travam o
judiciário, banalizam-se.
Matar é um
verbo tão fácil de conjugar, sobretudo para os menores de idade imputáveis, que
hoje você corre perigo em qualquer lugar, onde estiver. Crianças armadas até os
dentes, dispostas a tudo, agindo por conta própria ou a mando de maiores de
idade, praticam horrores, sendo quando muito apreendidas e logo postas em
liberdade ou internadas temporariamente em casas próprias de recuperação, de
onde via de regra, saem piores do que entraram. Treinados por bandos de facínoras,
forjados na criminalidade desenfreada, esses menores, protegidos absurdamente
por leis, sentem-se protegidos e encorajados a cometerem os piores desatinos,
tornando-se na maioria irrecuperáveis.
O tráfico de
drogas e o alcoolismo, são, em princípio, os estimulantes para esta escalada
criminosa que a cada dia ganha proporções assombrosas.
É incrível
como a sociedade, inebriada pelo ócio do comodismo, assiste a tudo isso
passivamente, sem mover uma palha a nível de providências efetivas, enérgicas e
imediatas para conter a avalanche criminosa e avassaladora. Perplexa as vezes e
momentaneamente horrorizada com tantas atrocidades e iniqüidades confessa-se
estarrecida e horrorizada. Pede Justiça. Depois... depois... tudo fica como
está.
*Sebastião Lobo é jornalista, advogado,
escritor, autor de livros, colunista do Diário de Teófilo Otoni e membro
honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni
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