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Afinal quem decide? O Supremo ou o Congresso Nacional?



Sebastião Lobo (Almenara – MG)

            A gente, com a santa ignorância que nos é patológica, continua sem entender, porque o Supremo Tribunal Federal, a última instância judiciária do país, faz uma espécie de “dobradinha” com o Congresso Nacional no julgamento de políticos ladrões do alto escalão, Senhores do chamado Fôro Privilegiado.
            É mais do que evidente que uma decisão como esta, não só enfraquece a Lava Jato, responsável pelo maior processo de moralização já visto no país até agora, como beneficia os corruptos investigados.
            O absurdo que está acontecendo anula todos os esforços para que o país seja realmente passado a limpo e a nação que tanto sofre com o mau caratismo, viva dias melhores e mais felizes, com mais confiança na justiça.
            Que adianta a Lava Jato investigar e prender os assaltantes do erário público se os infratores, sobretudo os de alto poder econômico, os piores dos marginais porque roubam o dinheiro público que poderia ser investido nos setores essenciais, escarnece da lei ao negarem o óbvio e valerem-se do beneplácito da Suprema Corte?
            Quem acredita que sentenciados, beneficiados pela chamada “prisão domiciliar”, mesmo monitorados e com tornozeleiras nos pés, como se fossem animais fujões, não gozam de privilégios, muitos vivendo confortavelmente nas suas mansões que possuem, logicamente adquiridas com o dinheiro oriundo do crime?
            Voltando ao caso do STF e do Congresso Nacional, transformado às vezes em balcão de negociatas espúrias das mais cabeludas, a situação é no mínimo de parcialidade, ficando bem claro, todavia, que jamais os acusados de crimes votariam contra colegas corruptos que não são poucos.
            Diante disso chega-se a pensar se as prisões de figurões do sórdido mundo político e econômico não é uma farsa perante a sociedade ávida de justiça e de combate à criminalidade desenfreada.
            A impressão que se tem, à primeira vista, é que esses figurões superricos através das ações criminosas que praticam, ao serem presos, interrogados e responsabilizados penalmente, além de terem que devolver o que roubaram, vão mofar na cadeia. Ledo engano.
            A realidade nos mostra que estão redondamente enganados os que assim pensam. Esta história de que “todos são iguais perante a lei” e que “ ninguém está acima da lei”, não procede igualitariamente se nos voltarmos para os presidiários brasileiros, por exemplo, onde a maioria absoluta dos sentenciados que neles se encontram são infelizes e desgraçados procedentes da baixa ralé. Muitos arrastados para a criminalidade pela fome, a miséria, as injustiças, o desemprego, as desigualdades sociais.
            Enquanto isso o tal de Fôro privilegiado é exaustivamente debatido no Parlamento Nacional, uma aberração jurídica que até agora tem envergonhado a nação brasileira, um escárnio contra a Constituição Federal e um Código Penal por sinal caduco ainda da ditadura Vargas.
            Ora, se “a lei é para todos” e “ninguém está acima da lei”, por que os privilégios, escandalosos para uns poucos figurões do alto poder judiciário e outros tantos que estão no topo da pirâmide política?
            Paralelamente à extenuante discussão parlamentar pelo fim ou parcialidade do Fôro Privilegiado, a Delação Premiada protagonizada pela Lava Jato promove o maior bate-boca entre acusados e presos envolvidos no maior assalto aos cofres públicos do século. É um revolver de sujeiras que parece não ter fim...
            Diante de tudo isso, chega-se à dolorosa conclusão que “o poder sem moral se converte em tirania”. É o que de fato está acontecendo infelizmente no nosso querido Brasil, que tem sido palco de sucessivos escândalos que fariam corar até mesmo um Maquiavel, ainda tão lembrado nos tumultuados dias do século em que vivemos.



*Sebastião Lobo é jornalista, advogado, escritor, autor de livros, colunista do Diário de Teófilo Otoni e membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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